Sindicatos e Ministério da Saúde mantêm desacordo mas aproximam-se
[20.09.2012]
Os dois sindicatos médicos afirmaram hoje, após uma reunião com o Ministério da Saúde, que ainda não há acordo sobre as reivindicações da classe, mas há "uma aproximação", sendo a atualização salarial um dos pontos de discórdia.
Os dirigentes do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) afirmaram que, apesar das divergências que persistem, estão convictos de que é possível fechar as negociações a 04 de outubro, dia para que foi agendado um novo encontro. Numa declaração sem direito a perguntas, um assessor do ministro da Saúde, Carlos Martins, disse que o gabinete de Paulo Macedo continua "empenhado" nas negociações com os médicos e "confiante" na realização de um acordo que sirva todas as partes.
"Tivemos uma reunião que considerámos produtiva, em que se evoluiu nalgumas matérias, mas não foi possível ainda obter um acordo. Há algumas diferenças de posição, agendámos uma reunião para 04 de outubro e haverá entretanto algumas reuniões técnicas", afirmou Sérgio Esperança, presidente do SIM. O dirigente sindical explicou ainda que há "alguns desfasamentos" entre a tutela e os médicos, nomeadamente no que se refere aos valores das grelhas salariais, à organização do tempo de trabalho e à transição para o novo regime de 40 horas semanais de trabalho.
Jorge Roque da Cunha, presidente da FNAM, por seu lado, explicou que "os médicos disponibilizam-se a trabalhar mais cinco horas do que os restantes funcionários públicos". "Os médicos entendem que a situação grave que o país vive em termos financeiros obriga a que façamos um esforço e esse esforço está a ser feito para que, ao fim de 14 anos, se possa chegar a um acordo", disse. Do lado da tutela, Carlos Martins, assessor do ministro da Saúde, considerou que a reunião de hoje, a nona desde a greve dos médicos de 11 e 12 de julho, foi "globalmente positiva", acrescentando que, neste momento, "são mais os pontos que unem [sindicatos e Governo] do que os que [os] dividem". Em declarações à agência Lusa, o responsável esclareceu ainda que entre os aspetos que estão já "perfeitamente consensualizados" estão a mobilidade dos médicos e a idade máxima para a realização de serviços de urgências, os quais permanecerão inalterados.
Relativamente à idade para a realização de urgências, Carlos Martins recordou que atualmente os médicos ficam dispensados de fazer urgência noturna aos 50 anos e dispensados de fazer serviço de urgência aos 55, "sendo que a maior parte dos médicos continuam a fazer esse serviço por opção própria", situação que se vai manter. Quanto à questão da mobilidade dos profissionais médicos, explicou Carlos Martins, "o que está previsto na lei é que há possibilidade de os médicos fazerem serviço em unidades diferentes das suas e isso vai continuar", sublinhando que "não há nenhuma nova intenção do Governo" nesta matéria.
Fonte: LUSA\RTP